Pois não estão batendo na sua porta, ou talvez sim, alguém pode estar batendo na sua porta para lhe falar algo de importante...
É de um toque sim que estamos falando neste momento, aquela sensação de que algo nos está tocando. Desse gesto tão simples, dessa manifestação de um sentir!
Outrora, e não sendo eu muito idoso, recordo que havia gestos que hoje estão completamente me desuso, infelizmente, quando por uma manifestação de ausência de saúde plena nos deslocávamos ao médico para que nos aconselhasse sobre o que exercer para suplantar esse mal, era-mos recebidos com um cordial e simpático toque na forma de um aperto de mão, os pacientes era-mos nós, mas era o médico que pacientemente nos tacteava no local por nós assinalado, dois dedos seus avaliavam os sintomas, diagnosticava e indicava a possível cura para o que nos afligia, depois mais uma vez o toque, esse muitas vezes o mais importante. punha-nos a mão sobre o ombro e tranquilizava-nos anunciando que tudo seria passageiro, logo estaria tudo solucionado. Esse sentir, muitas vezes era parte da nossa terapia, era isso que nos alentava.
Se atentar-mos, já de pequeninos, somos dependentes desse milagroso toque. Um criança que molhou a fralda, reclama! Chora protesta, se lhe trocarmos a fralda, mesmo assim ela vai continuar chorando, mas se de repente lhe estender-mos os braços e a aconchegar-mos ao nosso colo, surgirá o “milagre”... Ela olha para nós e sorri!
Um pouco mais profundamente se concentrar-mos nossa atenção, veremos que em tudo na vida há uma necessidade grande de ser tocado, os animais por exemplo, se afagarmos um cavalo, ele torna-se afável para connosco, e mais além ainda, até as plantas sentem o toque de quem as mima e as toca.
Supostamente não damos actualmente valor ao toque que sentimos, as coisas e a vida é mais superficial, as emoções correm velozes, e as circunstâncias imiscuíram em nós um sentimento de rejeição de desconfiança, sempre desconfiamos quando nos afagam ou nos abraçam. Tristemente já fui alvo de comentários infelizes aquando de um abraço sincero como por exemplo; “Um deves estar para tramar alguma”, fico triste mas entendo, nem todo mundo na sociedade actual é capaz de um gesto sincero e desinteressado, de dar um abraço, um aperto de mão, só pelo simples facto de dar, de sentir que precisa manifestar carinho. São mais formais e frios e até interesseiros os cumprimentos, assim quando na forma de um afago, uma carícia, transmitimos nossa ternura, carinho, nosso amor, seremos mais ou menos incompreendidos. Não são suficientes pequenos gestos, as pessoas precisam mais… Grandes e prolongadas esfusiantes manifestos para que realmente notem que o quanto lhe queremos, não está por detrás da manifestações espampanantes, inscritas ou até mesmo públicas, mas sim estava incluída naquele afago carregado de ternura no seu rosto, no seu braço, nas costas de sua mão.
Mas é bom que sejamos perseverantes e teimemos em seguir afagando as pessoas e coisas que realmente gostamos, pois sejamos objectivos, se damos pela simples vontade de dar, sempre seremos recompensados, fizemos o que nosso coração mandou e pode ser que a determinada altura o alvo de nossos gestos se aperceba de que foi com carinho que o tocamos.
Experimente… toque uma pétala de rosa, ela não se manifesta ou você não percebeu, mas na sua mão ficará decerto o seu agrado pois ela perfumou sua mão!