Que também os animais e as plantas sonhavam. Acreditava que os salmões sonhavam com correntes límpida, com o desfiladeiro nas montanhas, e também com os focinhos acastanhados dos ursos pardos que os aguardavam no cimo e que estavam ali para de repente transformar esse sonho em pesadelo, quando fixavam seus olhos quase imperceptíveis mas atentos nas transparentes águas na esperança de um salto descuidado para saciarem sua fome, isto inerente também de um sonho deles mesmos, para os salmões era o fim de um sonho mau, e para o urso a realização do seu.Depois nas cobras, não será que sonham também com galinheiros repletos de suculentos ovos e de galináceos tenrinhos, e com as canelas dos caçadores e dos agricultores, os mais incautos, para descarregarem aí seu veneno?Nas águias, pescadoras, seria seu sonho o de um mergulho na vertical sobre um cardume de arenques, e que também sonhavam incomodar os arminhos, sobrevoando-os com a única intenção de os fisgar com suas garras implacáveis?E que na calada da noite os lobos sonhavam descer das montanhas para se saciarem.Acreditava que as abelhas sonhavam satisfazer as ordens da sua mestre, e que para isso sonhavam também com extensos e floridos campos onde abundaria seu precioso néctar que carregariam. Que as rosas divagavam em seus sonhos sobre a forma, a cor e o carinho dos floricultores ou de alguém que as colheria, e decerto que sonhavam também sobre o modo como acabariam e qual o motivo porque seriam escolhidas,e colhidas, decerto que nenhuma delas sonharia ser parte da coroa de um defunto, sonhariam sim ser uma dedicada prova de amor.Acreditava... E um passeio pela natureza era por si só uma aventura, imaginava nomes para as coisas das quais não sabia nome, inventava-os não dando muita importância ao facto de estarem ou não designados num compêndio, na minha imaginação o primeiro girino que vi, passou a ser um cabeçudo, depois mudei e ficou o cabeça de prego, não eram importantes os nomes, sim a descoberta e a ilusão de que tudo aquilo tinha vida, e sonhava, vivia cada segundo em função do que a vida me apresentava, vivia intensamente cada experiência, apaixonadamente observava todos os elementos descritos na Bíblia como obras do Criador, produtos saídos das mãos de Deus, era feliz e até quando procedia mal inconscientemente, ao quebrar o encanto de alguns sonhadores, como por exemplo os "bicos de laca", que sonhavam saciar sua sede numa presa onde se armazenavam límpidas águas se serem incomodados por uma criança que na sua inocência preparava uma armadilha rendada e que os interrompia no se bebericar derrubando-lhe a rede em cima para os confinar numa prisão de arames e madeira que seu pai lhe dera, onde juntava tudo que apanhava sem sentir que estava a roubar o sonho de liberdade daquelas aves. Interrompia o sonho de todos estes animais acreditando que era esse o sonho deles, terem quem os alimentasse e acarinhasse , engano meu pois Deus pôs os animais à face da terra com estatutos de liberdade, e eu não tinha, não tenho o direito de privar nada nem ninguém de sonhar.Eram os sonhos de uma criança que se propunha sonhar seus próprios sonhos,desconhecendo que cada ser vivo tem realmente o seu sonho próprio, sonhos de liberdade de pureza e de felicidade, sonhos de inocente, que com o passar dos anos se vão desvanecendo e substituídos por imagens deturpadas da realidade da verdade e da beleza que Deus nos ofertou para desfrutarmos e que nós não sabemos aproveitar, deixando que alguém nos encerre em gaiolas de frustrações e de desgostos, e porque não foi esse o propósito de Deus muitos de nós perecemos, de incautos permitimos que nos deixasse-mos encerrar e que nos roubassem nossos sonhos. E daí o mundo em que hoje vivemos que é de todos mas sobretudo de nós mesmos,o nosso mundo não é de mais ninguém, é só nosso, e só nós faremos o nosso mundo à verdadeira dimensão dos nosso sonhos, será tão grande e feliz, quão grande for a nossa capacidade de sonhar.mesmo assim acredito, mas também me pergunto onde estão aqueles sonhos?
A.Ch.
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