A razão pela qual todos sentimos necessidade de amizades, é simples, julgo eu, todos nós gostamos de ser apreciados, de sentir que alguém nos valoriza, pois esse facto nos motiva a novas execuções das mais diversas tarefas, e além disso satisfaz-nos o desejo de auto-afirmação. Encetamos algo que pode até ser pessoal, depois da divulgação parecemos depender da opinião de terceiros para seguir em frente com o projecto, necessitamos, carentes da atribuição de elogios, de palavras de apreciação, de sentir que somos aceites num vasto leque de pessoas com interesses similares, e aí ao nascer de novos relacionamentos vamos decerto ser confrontados com situações de “obrigação”, pois se vamos impor nossas opiniões, nossas ideias para apreciação, endividamos nosso procedimento, porque deveremos ter em conta no inicio de uma nova relação o sentido de altruísmo é importante o sentido de entrega para com as pessoas que se relacionam connosco. São decerto grandes as alegrias nos elogios recebidos, mas decerto a felicidade plena só é alcançada com a dádiva, a entrega plena.
Sempre que nós sentimos necessidade de construir uma amizade, geram-se uma série de emoções; medo, insegurança, retraimento, timidez, e umas quantas mais, mas de todas deveríamos ressaltar, a verdade, porque somente assim com entrega, e verdade, os resultados serão mais satisfatórios, e a sensação de felicidade será acrescida. Sejamos extrovertidos nas amizades pois tornamo-nos mais sociáveis, mais queridos, requisitados, desejados mesmo, pois sempre que damos mais que esperamos receber de um amigo, os resultados são surpreendentes, não só em relação aos outros, mas também em relação a nós próprios, ao nosso sentimento de auto-estima. Não haverá maior sensação para o ser humano que a sensação de ter sido prestável, de que de alguma maneira foi útil e ajudou um amigo.
Conta-se que um dia um homem a quem a vida parecia ter dado tudo em termos materiais lhe vedara todos os outros prazeres, o que fazia dele um homem desafortunado, desesperado. Tomara uma decisão drástica e dirigia-se a um lago onde cessaria seu infortúnio, mas no caminho surgiu-lhe uma menina com um aspecto andrajoso, amedrontada, e mostrando em seu rosto o resultado da carência de alimentos, estendeu-lhe uma mãozinha trémula e suja rogando por uma moedinha para poder comprar um pão.
O homem deteve seu olhar nessa menina, deixou rolar uma lágrima, e doeu-lhe aquele sofrimento. Não só lhe deu umas quantas moedas como tentou saber algo mais acerca dos motivos de tanta pobreza, quis saber como havia chegado a tal situação e mesmo como era a família, o que resultou na ida dele ao barracão que albergava sua mãe doente e seu irmãozito mais novo, ela contou-lhe da doença da mãe e das verdadeiras carências com que coabitavam aquele cubículo minúsculo, mostrou-lhe a realidade.
Decidiu que haveria de fazer tudo para acabar definitivamente com todo a angustia daquela família, que antes de por um término à sua fatídica existência, faria uma boa acção e tomaria todas as providências, médicas, alimentares, de alojamento, de futuro, e passou à acção, e eliminou uma a uma todas as carências de cada um deles, a mãe da pequenina teve os melhores médicos, e ela e o irmão tiveram os melhores professores, providenciou todo vestuário e calçado e fez daquela família uma família feliz.
Durante essa azáfama ocupou sua mente com sentimentos de carinho, vontade de entreajuda, de dádiva. E quando concluiu deteve-se e questionou-se… Onde é que eu ia? Que iria eu fazer? Tinha-o abandonado a infeliz ideia de se suicidar, o instinto e a vontade interior de ser prestável, útil, o intimo desejo de ajudar alguém, acabou por o ajudar a ele mesmo. Salvando aquela família, salvou-se dele mesmo.
Nas mãos de quem oferece flores sempre queda algum perfume!
Para que a amizade seja digna dessa designação, deve sempre ter como base o desejo secreto de ajudar os amigos antes de desejar ser ajudado por eles...

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