
Não é de criticar um homem que sonha, pois na maior parte das vezes quando um homem sonha e tem fé no seu sonho, aliando uma forte determinação à acção, normalmente realiza o seu sonho.
Loucos e amorfos serão decerto os humanos sem sonhos, sem objectivos, sem uma meta a atingir. Pois quem não sabe para onde vai dificilmente chega a lado algum.
Isto leva-me a minuciosamente analisar o meu modo de vida pois também estou nessa faixa etária, embora a situação, a posição, não me permitam sonhar tão alto, se bem que o tamanho do sonho de um homem só é limitado pelo consciente, pela sua capacidade de sonhar livremente, mas sonhar muitas vezes já não faz parte dos meus hábitos diários, e noto a sua falta, pois quando sonhamos o rumo das nossas vidas é substancialmente diferente.
Mais ainda esta loucura citada dos cinquenta, possivelmente afecta muitos, assim como afirmam os entendidos que a ternura dos quarenta, também afecta quase toda a gente. Não fora a idade ou os factos, o facto é que a nossa existência sofre alterações constantes, e em certas idades intensifica-se.
Possivelmente somos nós que vinculamos certos comportamentos às pessoas não pelo simples facto dessa pessoa praticar certas acções, mas sim porque essa pessoa as pratica numa determinada idade, senão veja-se, que determinado procedimento congénere praticado por uma de vinte anos ou por uma pessoa de cinquenta, perante a sociedade, é mais repreensível.
Facto real e que passo a descrever embora sem nomes dá-nos conta disso: Um homem de quarenta e nove anos, um lar construído, com uma família unida, nesta fase da sua vida encontra uma jovem, vinte e dois anos, emigrante sedenta de realizações materiais e afectivas, faz-lhe a corte depois de lhe ser apresentada, bebem uns copos, e de seguida acontece a luxúria, a paixão fala mais alto e dão largas ao lado animal de que todos somos portadores, acende-se mais ainda a paixão e aí a loucura acontece, ele começa a dividir-se entre a família e a amante, descura as suas obrigações de marido, de pai e até mesmo de profissional, em prol de uma loucura que muitas vezes é passageira, ressente-se a família, os amigos e até o patrão, e mais ainda ressentem-se as suas finanças, pois normalmente a amante é levada quase sempre onde a nossa esposa nunca vai.
Os jantares de luxo, as viagens, os casinos são normalmente usufruto da amante e nunca da nossa esposa, isso sim pode ser considerado loucura.
Mas por outro lado se o mesmo acontece com um jovem de vinte e dois anos, numa situação análoga, não vejo a sociedade criticar os dois do memo modo, o primeiro coitado está maluquinho de todo, está a fazer sofrer a família, qualquer dia está a pedir para comer, não tem já remédio, coitado. O outro, esse já é visto de outro prisma; olha ele até e bom moço, e como a mulher é um bocado invulgar fez ele bem procurou algo melhor.
Mas o que é facto é que a loucura é em tudo idêntica, com os mesmos contornos, só que a sociedade a diferencia e a rotula conforme lhe parece melhor todos dão a sua opinião, mas para mim a opinião é como o umbigo, todos nós temos um, mas para que serve?
Devíamos todos nós guardar as nossas opiniões bem no âmago de nos mesmos, e, reservar essas opiniões e esses julgamentos para nossa orientação futura, pois muitas vezes sentimos que sabemos qual a melhor conduta para o nosso alheio, e não conseguimos descortinar nem achar uma opinião válida para a nossa própria maneira de ser e de viver.
Arbitramos sobre os procedimentos dos outros sem no fundo olharmos bem no intimo de nós mesmos, ou sem mesmo pararmos para ver se também nós estamos no melhor caminho, sem analisar se estamos a dar ao nosso semelhante, à nossa esposa aos nossos filhos, e à sociedade em geral o melhor de nós mesmos.
E não sei se é comum a alguém, mas eu muitas vezes sou apto a aconselhar os outros no melhor sentido das situações com que me confrontam no sentido do solucionar, e a maior parte das vezes não soluciono os meus próprios problemas, nem acho conselhos adequados às situações diversas com que a vida me confronta a mim. Felicidade minha nunca fui muito critico em relação aos outros, e nem aceito muito bem esse facto, pois quem somos nós, neste caso eu para criticar alguém, se no fundo Não sou capazes de ser um auto-critico.
Para mim julgar os outros ou condená-los não é tarefa para o humano comum, mas sim para quem de direito. E a crítica não é bem recebida por ninguém a não ser que seja abonatória, pois como também nós não gostamos de ser criticados os outros não devem gostar de o ser.
A recriminação, os reparos, nunca foram semente de nenhuma boa amizade, mas sim motivo de distanciação de discórdia, e em muitos casos de guerras infundadas, e mais grave ainda, segundo os periódicos as críticas muitas vezes são alvo de mortes violentas.
A loucura não é dos cinquenta, mas sim de uma sociedade doente e mal-educada, doente e novamente massacrada por um regime, a viver também ele um tempo de crise e loucura

2 comentários:
Oi anjinho !!!
Vim fazer um convite para vc comparecer
na minha festa dia 13 / 04!!
Beijinhos espero você ...
Jan
Olá A. Charlie,
Estive a ler alguns textos teus ... gostei imenso ... parabéns.
obrigada pela visita e pelas palavras lá deixadas ... volta sempre ... a casa é tua ...
beijinhos
p.s.: sou muito amiga da Cris ...conhecemo-nos há vários anos
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